Síndrome miofascial: o que é, quais os sintomas e como tratar

Neste post abordaremos sobre a síndrome  miofascial,  que apesar de ser freqüentemente confundida com fibromialgia, não é a mesma doença.

O que é a síndrome da dor miofascial? 

A síndrome miofascial ou dor miofascial é uma doença que afeta os músculos e sua fáscia. “Mio” quer dizer músculo e “fascial” quer dizer fáscia. A fáscia é o tecido conjuntivo fino e branco que envolve todos os músculos. 

Ficou difícil entender o que é uma fáscia? Vamos tentar  explicar de uma maneira mais fácil.  Se o seu corpo fosse uma tangerina, sua pele seria a casca, seus músculos seriam gomos da tangerina, enquanto, a fina membrana branca em torno de cada gomo seria a fáscia. A fáscia envolve tanto as fibras musculares, com os os músculos isoladamente e os seus grupos musculares.

O que a fáscia faz? 

A fáscia mantém os seus músculos juntos, o que permite que eles se contraiam e se alonguem. Além disso, a fáscia também deixa a superfície do músculo lisa fazendo com que os músculos possam deslizar uns contra os outros sem atrito, sem romper ou sem ocasionar outros problemas.

O que são os pontos-gatilho?

A síndrome miofascial é bastante comum. Caso você a tenha, você vai sentir dor e sensibilidade nos músculos de uma região específica do seu corpo. À palpação dessa região, você irá perceber  pequenas saliências, nós ou nódulos em seus músculos que são os “pontos-gatilho” ou “trigger points”. A dor e sensibilidade locais geralmente estão associados a um ou mais pontos-gatilho.

Os pontos-gatilho podem ocorrer em todos os músculos do corpo e apesar de serem localizados, podem aparecer em diversos músculos ao mesmo tempo (foto). A dor pode ser no local do ponto-gatilho (quando pressionado levemente) ou pode ser referida, quando a dor é irradiada para outro local de onde foi feita a pressão. 

síndrome miofascial

Qual a frequência da síndrome miofascial? 

Em algum momento da vida a dor miofascial vai aparecer em cerca de 85% das pessoas. Esta elevada porcentagem pode ser ainda maior, já que a dor miofascial muitas vezes é subdiagnosticada, mal diagnosticada ou esquecida. Mulheres e homens são igualmente afetados, embora mulheres sedentárias de meia-idade têm maior risco.

Onde a dor miofascial ocorre mais comumente?

A dor miofascial e os pontos-gatilho podem surgir em qualquer músculo do corpo. Ainda assim, os músculos mais frequentemente acometidos são os do pescoço, ombros e da parte superior das costas. Esses músculos incluem:

  • Esternocleidomastóideo
  • Trapézio
  • Levantador da Escápula
  • Infraespinhoso 
  • Romboides

Quais são os sintomas da síndrome miofascial?

Os sintomas podem variar de pessoa para pessoa. Às vezes, a dor acontece subitamente e isso chamamos de sintomas em “surto”. Eventualmente, é uma dor constante e incômoda, porém, que fica em segundo plano. Os sintomas incluem:

  • Dor que é referida como dor latejante, profunda, rígida ou em aperto.
  • Pontos-gatilho (pequeno “nó” no músculo que causa dor quando palpada ou causa dor irradiada para outro local).
  • Músculos sensíveis ou doloridos.
  • Fraqueza nos músculos afetados.
  • Amplitude de movimento diminuída nas áreas comprometidas (por exemplo, você pode não conseguir girar a cabeça por limitação cervical).

Pessoas com síndrome miofascial podem apresentar outros problemas de saúde concomitantes.  Eles  incluem:

  • Sono ruim / Distúrbio do sono.
  • Sensação de cansaço  ou fadiga.
  • Dores de cabeça.
  • Estresse, ansiedade ou depressão.

O que causa a dor miofascial?

Nem sempre é possível saber a causa da dor miofascial, embora, em muitos casos os fatores são identificáveis e tratáveis.  Abaixo seguem algumas das causas mais comuns :

  • Contusão muscular.
  • Tensão muscular ou uso do músculo de forma repetitiva (por exemplo, martelar).
  • Fraqueza muscular ou inatividade muscular (por exemplo, um membro engessado não consegue se movimentar o suficiente).
  • Postura incorreta (por exemplo, flexão anterior da cabeça devido uso do celular ou pós-bariátrica)
  • Trabalhar ou morar em um ambiente frio.
  • Estresse emocional (pode levar a tensão muscular).
  • Compressão de um nervo ( por exemplo, hérnia cervical).

Outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome miofascial são:

  • Problemas metabólicos ou hormonais, como por exemplo, doenças da tireoide ou diabetes
  • Deficiências de vitaminas, como por exemplo, vitamina D e folato.
  • Presença de infecções crônicas.

Como se faz o diagnóstico da síndrome miofascial ?

Não existem exames específicos laboratoriais ou de imagem que possam diagnosticar a síndrome. Além disso, não existem alterações visíveis como inchaço, vermelhidão ou calor na área dolorosa . Por isso a síndrome miofascial costuma ser uma condição subdiagnosticada e negligenciada. Ainda assim, alguns exames de imagem ou a eletroneuromiografia podem ser úteis no diagnóstico diferencial. 

A melhor maneira que seu médico pode usar para diagnosticar  essa síndrome é através de  exame clínico completo e avaliação dos seus músculos . Logo, com um exame físico bem feito, ele encontrará nodulações ou  faixas tensas dos músculos e assim,  encontrará as áreas  exatas de sensibilidade e desconforto. E a palpação de um ponto-gatilho resultará em dor, que pode ser sentida no local imediatamente ou em uma área próxima (dor referida).

Além disso, seu médico ou fisioterapeuta podem verificar no exame clínico alterações de postura ou de marcha. 

Qual é a diferença entre síndrome da dor miofascial e fibromialgia?

A dor miofascial e a dor da fibromialgia podem ter sintomas comuns e por isso são bastantes semelhantes. Ambas as doenças apresentam pontos dolorosos ao toque. Entretanto, enquanto a dor miofascial está localizada em uma área específica, geralmente do mesmo lado do corpo, a dor da fibromialgia é difusa, isto é, sentida em todo o corpo. O paciente com fibromialgia, além de ter mais pontos dolorosos e dor generalizada, pode também apresentar: distúrbio do sono, dores de cabeça, síndrome intestino irritável e disfunção da articulação temporomandibular (DTM). Alguns pesquisadores acreditam que a síndrome miofascial pode evoluir para fibromialgia.

Como é o tratamento da síndrome miofascial?

O tratamento geralmente consiste em medidas medicamentosas e não medicamentosas. Cada caso tem que ser individualizado e o seu médico ou fisioterapeuta saberá a melhor terapia para você.  Abaixo descrevemos os tratamentos não medicamentosos mais comuns:  

  • Fisioterapia (para fortalecer, alongar e relaxar a musculatura).
  • Agulhamento seco (são utilizadas agulhas finas no ponto gatilho para diminuir a tensão, aumentar o fluxo sanguíneo e aliviar a dor).
  • Agulhamento úmido (usa-se agulha para injetar anestésico no ponto-gatilho para alívio da dor).
  • Liberação miofascial (alongar os músculos manualmente para reduzir a tensão e desfazer os nódulos).
  • Laser – Terapia de luz de baixa intensidade.
  • Ultra-som .
  • Estimulação nervosa elétrica transcutânea (terapia TENS).
  • Terapias de acupuntura e relaxamento, como por exemplo, biofeedback e terapia cognitivo-comportamental.

O tratamento medicamentoso consiste no uso dos seguintes fármacos: medicamentos analgésicos (analgésicos como por exemplo,  dipirona, paracetamol, codeína e tramadol), Antiinflamatórios não esteróides (AINEs), relaxantes musculares ( por exemplo, ciclobenzaprina ou tizanidina), corticoides antidepressivos e sedativos para melhorar a qualidade do seu sono.

Algumas dicas podem ajudar a aliviar os sintomas e algumas medidas podem ser realizadas em casa como :

  • Calor local: Realize compressa quente no local da dor com bolsa térmica. Poucos pacientes se beneficiam de compressa fria
  • Atividade física:  Alguns exercícios podem ser realizados em casa para aliviar os sintomas,  como por exemplo, exercícios de alongamento e exercícios aeróbicos (para levar mais oxigênio aos músculos).
  • Técnicas de relaxamento como por exemplo, meditação, exercícios respiratórios e ioga.
  • Mudanças na dieta: muitos alimentos podem influenciar na dor (leia também: Fibromialgia e alimentação) .
  • Imersão em água morna.
  • Massagens.

A síndrome da dor miofascial pode ser prevenida?

Conhecer a doença e seus fatores de risco (descritos acima) podem ajudar a evitar posturas, movimentos ou atividades que desencadeiam a dor e desse modo reduzir a intensidade do quadro e consequentemente, ter uma recuperação mais rápida.  Uma boa ergonomia em casa ( principalmente com o aumento de home office ) ou no trabalho pode contribuir para redução na dor. Por isso, fique sempre atento com sua postura no dia-a-dia, principalmente nos dias de hoje, quando o uso do celular é muito frequente. A flexão anterior da cabeça é uma das principais causas de dor no pescoço e região (leia aqui: Dicas para evitar dor no pescoço) .

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