Fibromialgia e alimentação: O que se sabe até o momento?

Fibromialgia e Alimentação

Qual a relação da fibromialgia e a dieta?

A fibromialgia é uma doença crônica caracterizada por dores generalizadas e aumento da sensibilidade dolorosa, podendo causar limitação significativa. Sabe-se que o tratamento é complexo, dedicado ao controle da dor, regulação do sono, incentivo à atividade física e tratamento de transtorno de ansiedade ou depressivo quando presentes. Ultimamente, a intervenção nutricional tem sido muito discutida como mais uma opção de tratamento na fibromialgia. Por isso, abordaremos neste post a associação entre fibromialgia e alimentação.

Embora não exista uma dieta específica para todos os que sofrem de fibromialgia, pesquisas recentes sugerem que determinados nutrientes podem atuar positivamente no organismo, reduzindo a dor. Em contrapartida, outros nutrientes podem agir negativamente, exacerbando o quadro doloroso.

A literatura ainda é escassa em estudos bem feitos que mostrem o benefício de uma dieta determinada no controle da dor em pacientes com fibromialgia. E apesar de ainda não existir um consenso a respeito de qual é a melhor terapia nutricional, muitos estudos têm demonstrado conclusões semelhantes.

As dietas comumente descritas na literatura para o auxílio do tratamento da fibromialgia são:

  • Pobres em carboidratos simples, gorduras saturadas, aspartame e glutamato monossódico,
  • Ricas em antioxidantes, coenzima Q10, aminoácidos específicos e outros alimentos que aumentam produção de L-triptofano (precursor da serotonina).

Abaixo descrevemos com maior detalhe os alimentos que contém as substâncias e nutrientes descritos anteriormente.

O objetivo desse texto não é montar o cardápio especifico aos pacientes com fibromialgia. Mas sim trazer informações que ajudem os pacientes com fibromialgia e/ou dor crônica a identificar quais alimentos podem piorar a sua dor.

Alimentos que podem aliviar os sintomas da fibromialgia

Antioxidantes

Antioxidantes são moléculas capazes de evitar a oxidação das células. Oxidação é uma reação química que produz radicais livres que podem danificá-las, levando a morte. O sistema antioxidante do corpo fornece mecanismos de defesa para manter esses radicais livres sob controle. Alguns exemplos de antioxidantes são as vitaminas ( C, A e E), carotenoides (licopeno, betacaroteno e luteína), flavonoides (própolis), fenóis (ex. resveratrol), polifenóis (ex. tanino) e  melatonina . Estudos indicam a possível existência de relação entre alta oxidação e a ocorrência de sintomas de fibromialgia, no entanto, mais estudos são necessários.

fibromialgia e alimentação: Fibromialgia e alimentos ricos em antioxidantes

Coenzima Q10

A coenzima Q10 (ubiquinona), é uma substância presente na maioria das células do corpo e tem importante função celular na produção de energia. Tem a função também de atuar como um antioxidante.  Existem algumas evidências de que introduzir a coenzima Q10 na dieta pode melhorar os sintomas da fibromialgia.

Fibromialgia e alimentos ricos em coenzima q10

Aminoácidos

Os aminoácidos são os “tijolos” de construção das proteínas e constituem uma grande parte das estruturas de nossas células.  Algumas pesquisas têm evidenciado que os pacientes com fibromialgia parecem ter níveis mais baixos de certos aminoácidos como o L-Triptofano. O triptofano é um aminoácido precursor da serotonina, melatonina e niacina ( vitamina B3).

Fibromialgia e alimentos ricos em aminoácidos

Ferritina e ferro

Alguns estudos mostram uma possível conexão entre sintomas de fibromialgia e baixos níveis séricos de ferro e ferritina (a forma de armazenamento de ferro). O ferro é importante na formação de serotonina e dopamina, substâncias químicas envolvidas na percepção da dor no cérebro. Apesar disso, ainda não existem evidências que a suplementação de ferro ajude no tratamento dos sintomas da fibromialgia.

frutas com baixo teor glicêmico
fibromialgia e alimentação: alimentos que aumwntam produção de serotonina

Alimentos que podem piorar os sintomas da fibromialgia

Alimentos ricos em carboidratos simples e aqueles contendo aspartame e glutamato monossódico (MSG) têm sido demonstrado em estudos como responsáveis por surtos de dores em pacientes com fibromialgia. Outros alimentos, que contêm glúten e gorduras saturadas também têm sido relacionados com piora dos sintomas.

Os seguintes alimentos podem piorar os sintomas aumentando a sensibilidade dolorosa:

Carboidratos simples

Carboidratos simples (monossacarídeos e dissacarídeos) como por exemplo pão branco e arroz branco, quando são digeridos causam elevação rápida da glicose no sangue causando picos de insulina, hormônio regulador  de açúcar sanguíneo. Dessa forma, o açúcar no sangue logo reduz, deixando o indivíduo com fome novamente. Essas flutuações da glicemia podem exacerbar a fadiga e a dor nos pacientes  comfibromialgia, além de contribuir para o consumo alimentar exagerado.

fibromialgia e alimentação: alimentos quem contêm carboidratos simples

Ao comer carboidratos, dê preferência aos carboidratos complexos (polissacarídeos) como os grãos e cereais integrais. Esses alimentos são digeridos mais lentamente, evitando os altos e baixos na glicemia como ocorrem com os carboidratos simples, levando a uma maior saciedade. Exemplos de alimentos fontes de carboidratos deste grupo: arroz integral, batata doce, massa integral.

Aspartame e glutamato monossódico (MSG)

Tanto o aspartame, adoçante utilizado para substituir o açúcar, como o glutamato monossódico, realçador de sabor de alimentos , estão relacionados com piora da dor na fibromialgia. Ambos interferem a absorção de triptofano na dieta, um dos precursores da serotonina.

– Glutamato Monossódico:  molho de sódio, molho de peixe, molho inglês, queijos envelhecidos como o parmesão e cheddar.

– Aspartame:  refrigerantes, chicletes, balas (principalmente de menta) e determinados iogurtes, cereais e pães onde o aspartame tem sido adicionado.

Alimentos processados

São alimentos que passaram por alguma forma de processamento (ex. adição de sal, açúcar, ou outra substancia ) com o objetivo  de se tornar mais duráveis e/ou palatáveis. Têm sido associado a piora dos sintomas dolorosos em alguns estudos.  Existem também os alimentos ultra-processados , que passaram por técnicas de processamento para os tornarem ainda mais palatáveis , acessíveis e para apresentar longa vida nas prateleiras. Estão associados à obesidade .

Exemplos de alimentos processados

Alguns exemplos de alimentos ultra-processados:

Lanches e sobremesas: Biscoitos, barras de cereais, doces, sorvetes e  refrigerantes.

Produtos que necessitam de pré-preparo (aquecimento): Massas, batata frita, linguiças, nuggets,  fórmulas infantis e alimentos para bebês.

Gorduras e óleos

O tema é bastante controverso. Quais seriam os óleos e gorduras saudáveis? 

Quando são submetidos a temperaturas muito elevadas, as gorduras e os óleos  sofrem oxidação, uma mudança em sua estrutura molecular que dá origem a substâncias prejudiciais ao organismo (aldeídos). E a literatura médica tem associado essa oxidação (alimentos fritos por exemplo) à piora da fibromialgia.

De acordo com estudos recentes, os óleos que mais produzem esses aldeídos  quando superaquecidos  são aqueles que têm uma quantidade maior de gorduras poli-insaturadas (óleo de milho e  de girassol). Enquanto aqueles que são ricos em gorduras saturadas e monoinsaturadas são mais resistentes às altas temperaturas, gerando uma quantidade muito menor destes aldeídos.

Por isso o azeite é considerado o melhor óleo para se fritar por não gerar muito aldeídos e por ser composto de gorduras monoinsaturadas.

Álcool

Enquanto algumas pesquisas mostram que o uso moderado de álcool pode até aliviar os sintomas, algumas pessoas com fibromialgia relatam que o álcool pode exacerbá-los.

Glúten

Alguns estudos têm mostrado a associação entre dieta com glúten e manifestações musculoesqueléticas.  Existe até mesmo uma incidência aumentada de doença celíaca em pacientes com fibromialgia.

A sensibilidade ao glúten que não preenche os critérios diagnósticos da doença celíaca está sendo cada vez mais reconhecida como uma condição clínica que pode ser tratada.  E pacientes com esta sensibilidade podem apresentar uma grande quantidade de manifestações que se sobrepõem às manifestações da fibromialgia como dor difusa crônica, fadiga e síndrome do intestino irritável. Logo, uma dieta sem glúten em pacientes com fibromialgia pode ser sugerida, principalmente para aqueles paciente refratários  ao tratamento padrão.

Qual seria a dieta ideal para quem tem fibromialgia?

Como descrito acima, não existe uma dieta específica para quem sofre de fibromialgia. Cada caso tem que ser avaliado individualmente, já que nutrientes específicos podem contribuir para a melhora ou piora das dores. O intuito desse texto é auxiliar as pessoas com dores crônicas, principalmente as com fibromialgia, a observarem os alimentos da dieta que possam exacerbar suas dores ou aliviá-las. É sempre válido lembrar que a sensibilidade alimentar é individual, uma vez que o que alivia os sintomas em uma pessoa pode exacerbar em outras.

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