A capilaroscopia periungueal pode parecer um exame complicado à primeira vista, mas é simples e indolor, sendo essencial para diagnosticar várias doenças. Se você tem dúvidas sobre esse exame, sua utilidade e como ele é realizado, continue lendo para entender tudo de maneira clara e acessível.
O que é capilaroscopia periungueal?
A capilaroscopia periungueal é um exame não invasivo que analisa os pequenos vasos sanguíneos, conhecidos como capilares, localizados nas dobras das unhas — a pele ao redor da unha. Utilizando equipamentos como por exemplo, um microscópio específico ou um dermatoscópio, o médico observa esses vasos de forma ampliada e detalhada. O termo “periungueal” refere-se justamente à região ao redor das unhas. Esse exame é essencial para identificar alterações nos capilares que podem estar associadas a doenças que afetam a microcirculação sanguínea.
Como a capilaroscopia periungueal funciona?
O exame utiliza ferramentas que ampliam a visualização dos capilares de maneira não invasiva. O processo é rápido, indolor e permite ao especialista observar as características dos vasos sanguíneos, como:
- Forma e tamanho dos capilares.
- Distribuição e densidade na região periungueal.
- Presença de alterações estruturais, como micro-hemorragias ou vasos tortuosos.
Essas características podem revelar alterações indicativas de doenças autoimunes ou vasculares..
Para que serve o exame de capilaroscopia?
Esse exame avalia o estado dos capilares periungueais, permitindo ao médico identificar alterações relacionadas a doenças sistêmicas, principalmente reumatológicas. A capilaroscopia serve principalmente para diferenciar o fenômeno de Raynaud primário do fenômeno de Raynaud secundário.
O fenômeno de Raynaud é uma condição em que ocorre uma reação exagerada dos vasos sanguíneos ao frio ou estresse, levando a mudanças de cor (pálido, azulado, e depois vermelho) nos dedos das mãos e dos pés (leia mais aqui sobre fenômeno de Raynaud). Existem duas formas principais desse fenômeno: primário e secundário.
Fenômeno de Raynaud Primário:
É a forma mais leve e comum. Afeta pessoas sem doenças associadas e não causa danos permanentes, isto é, não evolui para complicações.
Fenômeno de Raynaud Secundário:
Esse tipo ocorre em conjunto com doenças reumáticas, como lúpus, esclerose sistêmica e artrite reumatoide, sendo geralmente mais grave. Ele pode levar a complicações sérias, como cicatrizes, úlceras, gangrena, e até amputações.
Este exame é amplamente utilizado no diagnóstico e acompanhamento de doenças autoimunes, como por exemplo, esclerose sistêmica, dermatomiosite, polimiosite, doença mista do tecido conjuntivo e lúpus eritematoso sistêmico.
Essas doenças frequentemente afetam a microcirculação, e a capilaroscopia revela lesões nos capilares. O exame possibilita ao médico identificar essas alterações precocemente, o que é fundamental para prognóstico e um tratamento eficaz.
Além disso, a capilaroscopia acompanha a evolução da doença. Mudanças nos capilares ao longo do tempo indicam se a doença está progredindo ou respondendo ao tratamento, permitindo que o médico ajuste as abordagens terapêuticas.
Quando fazer a capilaroscopia?
Recomendamos fazer este exame na presença de fenômeno de Raynaud e na suspeita de doenças autoimunes ou condições que afetem a microcirculação. Por isso, abaixo descrevemos algumas das indicações da capilaroscopia:
- Avaliação e acompanhamento de pacientes com fenômeno de Raynaud
- Diagnóstico precoce da esclerose sistêmica.
- Avaliação do prognóstico da esclerose sistêmica.
- Monitoramento do tratamento e da atividade das doenças autoimunes que apresentam alteração na capilaroscopia
Quais doenças podem apresentar alterações no exame? E quais padrões encontrados?
Diversas doenças podem mostrar alterações na capilaroscopia. As principais incluem:
Esclerose Sistêmica (ES):
Em cerca de 90% dos pacientes com ES, observa-se um padrão específico (padrão SD ) na capilaroscopia. Esse padrão está frequentemente presente na fase inicial, mesmo que apenas com fenômeno de Raynaud. As alterações progridem para dilatações capilares e desvascularização, embora o tempo de progressão varie entre pacientes.
** PADRÃO SD: caracterizado pela presença de capilares dilatados (ectasias e/ou megacapilares), perda de alças capilares, com consequente redução do número de capilares, micro-hemorragias e neoangiogênese (capilares em arbusto)
Dermatomiosite e Polimiosite (DM/PM):
A capilaroscopia de pacientes com DM/PM pode apresentar o padrão SD em 20-60% dos casos, sendo mais comum na DM. Está relacionado à presença de fenômeno de Raynaud e comprometimento pulmonar intersticial. Os capilares em arbusto são mais frequentes na DM, mas sua presença não é específica.
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES):
As mudanças capilaroscópicas no LES incluem capilares tortuosos, alças bizarras e um plexo subpapilar proeminente, mas essas alterações são menos específicas que na ES. Cerca de 50% dos pacientes apresentam capilaroscopia normal, com o padrão SD sendo raro (2-9%).
Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC):
O fenômeno de Raynaud está presente em 85% dos casos de DMTC e o padrão SD aparece em 50-65%. A capilaroscopia pode correlacionar com o comprometimento pulmonar, portanto, sendo um indicador importante da progressão e gravidade.
Doença Indiferenciada do Tecido Conjuntivo (DITC):
Na DITC, o padrão SD está presente em 13,8% dos pacientes e indica possível progressão para ES, LES ou síndrome de Sjögren. Por isso, o uso de capilaroscopia em DITC é útil para identificar aqueles com maior risco de evoluir para uma doença específica.
Outras doenças, como artrite reumatoide e vasculite, também podem causar alterações nos capilares, embora com achados menos específicos.
Como é feito o exame de capilaroscopia?
A capilaroscopia periungueal é simples e não invasiva. O exame, geralmente realizado no consultório médico, segue os seguintes passos:
- Limpeza da área: o médico limpa a região ao redor das unhas dos dedos das mãos para remover resíduos que possam interferir na visualização.
- Aplicação de óleo: um óleo especial ou gel aumenta a transparência da pele, facilitando a visualização dos capilares.
- Visualização com microscópio ou dermatoscópio: o médico utiliza um equipamento para ampliar a imagem dos capilares e examinar cada dedo.
- Análise: o médico avalia forma, tamanho e disposição dos capilares, procurando alterações como dilatações, hemorragias ou avasculatura.
O exame dura cerca de 30 minutos, e o paciente pode retomar suas atividades normais imediatamente após o procedimento.
Quais cuidados ter antes de fazer o exame?
Recomendamos alguns cuidados simples antes de realizar a capilaroscopia periungueal para garantir a melhor visualização dos capilares:
- Cutículas não podem ser retiradas ou manipuladas 4 semanas antes do exame
- Evitar o uso de esmaltes ou removedores por pelo menos 3 dias antes do exame.
- Manter as mãos aquecidas para evitar a contração dos vasos sanguíneos.
- Evitar traumas nas unhas, como cutucar a pele ao redor, para prevenir inflamações que possam alterar a aparência dos capilares.
- Evitar fumar até 6 horas antes do exame
Quem realiza o exame?
O médico reumatologista, especialista em doenças autoimunes e reumáticas, é quem geralmente realiza o exame. No entanto, em alguns casos, dermatologistas e angiologistas também podem realizar o procedimento. A experiência do profissional é crucial para interpretar as sutis alterações dos capilares e diferenciá-las de achados normais.
Qual o código TUSS do exame?
O exame de capilaroscopia periungueal até o momento não tem um código TUSS específico. Consulte a tabela de códigos TUSS atualizada ou entre em contato com o plano de saúde para verificar a cobertura do exame.
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Dr. Marcelo de Loyola e Silva Avellar Fonseca – Reumatologista
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