Pela primeira vez pesquisadores relatam ter encontrado inflamação no cérebro de pacientes com fibromialgia.
Daniel S. Albrecht, PhD, pós-doutorando no Departamento de Radiologia do Hospital Geral de Massachusetts, e Harvard Medical School, Boston, e colegas, juntou-se a uma equipe de pesquisa liderada por Anton Forsberg, PhD, do Departamento de Neurociência Clínica no Instituto Karolinska, em Estocolmo, Suécia, para ampliar o poder estatístico do estudo.
Embora já existissem evidências de que a inflamação cerebral pudesse desempenhar algum papel na fibromialgia, esta foi a primeira vez que uma pesquisa mostrou evidências diretas da ativação glial do cérebro em paciente com fibromialgia, condição crônica mal compreendida e difícil de tratar.
Os resultados foram publicados no dia 14 de setembro de 2018 na revista Brain, Behavior, and Immunity.
“A ativação das células gliais, observada em nossos estudos, libera mediadores inflamatórios que acredita que são responsáveis por sensibilizar as vias da dor e contribuir para sintomas como fadiga”, diz em comunicado à imprensa, o co-autor do estudo Marco Loggia, PhD, do Martinos Center for Biomedical Imaging, Massachusetts.
Essas evidências podem abrir caminhos para novos tratamentos e dar conforto àqueles pacientes que foram informados de que seus sintomas são psicológicos.
“Não existem boas opções terapêuticas para a fibromialgia, então, encontrar o alvo potencial do tratamento pode levar ao desenvolvimento de terapias mais eficazes e inovadoras. A presença de alterações neuroquímicas objetivas nos cérebros dos pacientes com fibromialgia deve ajudar a reduzir o estigma que muitos pacientes enfrentam, de que seus sintomas são imaginários e não há nada realmente errado com eles” comenta Marco Loggia.
Um grupo de 31 pacientes que preencheram critérios para o diagnóstico de fibromialgia pelo American College of Rheumatology – ACR (29 mulheres, idade média de 50,7 ± 11 anos) e 27 controles saudáveis (25 mulheres, idade média de 49,4 ± 11 anos) realizaram PET/RM (sistema integrado de PET e Ressonância Magnética) do cérebro. O estudo excluiu pacientes que apresentassem outras condições de dor além da fibromialgia.
Usando os resultados de imagem, os pesquisadores encontraram níveis mais altos do marcador glial TSPO ( uma proteína translocadora) em várias regiões do cérebro em pacientes com fibromialgia em comparação aos controles saudáveis. Também descobriram que o grau de ativação glial estava relacionado ao grau de fadiga referido.
Segundo os autores, os dados encontrados sustentam uma estratégia terapêutica em potencial.
A fibromialgia afeta cerca de 4 milhões de adultos nos EUA, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.
O estudo foi apoiado pela Associação Internacional para o Estudo da Dor, pelo Martinos Center Pilot Grant for Postdoctoral Fellows e pelo Harvard Catalyst Advance Imaging Pilot. A parte sueca do estudo recebeu financiamento do Conselho do Condado de Estocolmo, Conselho de Pesquisa Sueco, Associação Sueca de Reumatismo e Fibromyalgiförbundet. O estudo foi também financiado pelo Sétimo Programa-Quadro da União Europeia e por uma doação da família Lundblad.
Texto publicado no Medscape – Rheumatology