Panorama geral
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde a principal causa evitável de mortalidade. Este é responsável anualmente por aproximadamente seis milhões de mortes (mais de 10 mil por dia) em todo o mundo. A projeção para 2030 é de 8 milhões de mortes em decorrência do tabaco. Além disso, o tabagismo é responsável pelo desenvolvimento de mais de 50 doenças, sendo as três principais causas de mortalidade a doença aterosclerótica cardiovascular, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica.
Benefícios da cessação do tabagismo
A cessação do tabagismo está associada à redução de mortalidade tanto para homens como para mulheres. E ainda relaciona-se com uma redução substancial no risco de eventos cardiovasculares (incluindo infarto do miocárdio, morte súbita cardíaca e acidente vascular cerebral), nos indivíduos com ou sem história prévia de doença cardiovascular. Nesse sentido, parar de fumar em idades mais jovens, especialmente antes dos 40 anos, está associado a um declínio maior na mortalidade prematura quando comparado com a cessação do tabagismo em uma idade mais avançada.
Aproximadamente 70% dos fumantes dizem ter vontade de parar de fumar, e mais de 50% relatam que tentaram parar no último ano. No entanto, apenas 3 a 6% dos fumantes que tentam parar de fumar por conta própria, estão abstinentes um ano depois. Com o tratamento e o acompanhamento adequado, as taxas de abstinência em um ano podem exceder 30%.
Riscos relacionados à cessação do tabagismo
Embora os riscos da cessação do tabagismo sejam superados pelos benefícios, é importante conhecer seus riscos com intuito de aumentar a chance do tratamento dar certo e consequentemente evitar recaídas.
* Síndrome da abstinência da nicotina
– A nicotina é uma droga pscicoativa potente que causa tolerância e dependência psíquica. Na ausência da nicotina o fumante pode apresentar, já nos primeiros três dias, sintomas relacionados à síndrome de abstinência da nicotina. Por exemplo: insônia, irritabilidade, frustração ou raiva, ansiedade, dificuldade de concentração, inquietação, humor depressivo, anedonia e aumento do apetite. Esses sintomas geralmente começam a reduzir depois de três a quatro semanas, porém podem persistir por meses a anos.
Tratamento medicamentoso e terapia comportamental são importantes “armas” para evitar ou aliviar esses sintomas. Por isso a importância de conhecê-los.
* Ganho de peso
– Um dos maiores receios dos fumantes ao considerar a cessação do tabagismo, principalmente entre as muheres, é o ganho de peso. Apesar de ser comum o ganho de peso logo após a cessação, os benefícios de parar de fumar superam os riscos do aumento de peso. Os mecanismos relacionados ao ganho de peso parecem ser decorrentes do aumento da ingesta calórica (melhora do paladar e do olfato), gratificação oral, mudanças nas preferências de comida e redução da taxa do metabolismo. O aconselhamento comportamental que aborda o aumento de peso, incluindo intervenções na dieta e na atividade física, tem sucesso em limitar o ganho de peso.
Qual o tratamento para parar com o tabagismo?
A maneira mais eficaz de promover a cessação do tabagismo é combinar terapia comportamental cognitiva com a farmacológica. Ela juntas apresentam uma taxa de abandono do tabagismo maior do que qualquer terapia isoladamente. Mas antes de iniciar qualquer tratamento é fundamental acessar o grau de motivação para cessação do tabagismo e o grau de dependência. A motivação é uma condição fundamental para iniciar o tratamento e sua ausência praticamente reduz as expectativas de abstinência. E o grau de dependência de nicotina de um fumante prediz a dificuldade que ele ou ela terá em parar e a intensidade de tratamento que provavelmente será necessária.
Terapia comportamental cognitiva
A chave para se obter a abstinência do tabaco é fornecer ao fumante informação e material adequados sobre o que esperar durante as tentativas de parar, incluindo as expectativas sobre a retirada de nicotina. A terapia comportamental deve ser oferecida tanto no atendimento individual quanto em grupo. Da mesma forma, os atendimentos devem ser realizados com periodicidade adequada e material de apoio deve ser fornecido aos pacientes para reforçar as orientações.
Quando o paciente entra na fase de ação, deve-se estimular a definição imediata da data de parada. Em definindo a data, o fumante deve se afastar de tudo que lembre o cigarro. Além disso, o fumante deve ser encorajado a identificar situações ou atividades que possam aumentar o risco de fumar e a traçar estratégias para enfrentar essas situações.
Uma estratégia comum usada para lidar com situações que podem levar a recaídas é baseada nessas três ações: evitar, mudar ou escapar. Por exemplo, o fumante deve pensar como minimizar o tempo gasto na companhia de fumantes; deve ser estimulado a começar uma rotina de exercícios, saindo do foco do tabaco; usar substitutos da gratificação oral para combater a fissura como: beber líquidos, chupar gelo, mascar algo (balas e chiclete dietéticos, cristais de gengibre, canela, etc.); estratégias para manter as mãos ocupadas como, por exemplo, escrever, digitar, costurar, pintar, etc; estratégias de manejo do estresse (por exemplo, respiração profunda, técnica de imaginação guiada, relaxamento muscular progressivo, meditação breve ou alongamento)
No caso de uma recaída, o profissional deve acolher o paciente sem críticas, mantendo o relacionamento de confiança e apoio já demonstrados anteriormente.
Tratamento medicamentoso de cessação do tabagismo
O tratamento medicamentoso para cessação do tabagismo tem como objetivo reduzir os sintomas de abstinência da nicotina, tornando assim mais fácil para o tabagista parar de fumar. Os fármacos são classificados em nicotínicos e não-nicotínicos, e os principais medicamentos que demonstraram eficácia na cessação do tabagismo incluem a terapia de reposição da nicotina (TRN), vareniclina e bupropiona ( considerados de 1° linha).
Terapia de Reposição da Nicotina (TRN)
Todas as formas de TRN são eficazes na cessação do tabagismo. E sua eficácia está comprovada quando comparadas ao placebo. Há duas formas de apresentação da TRN: liberação lenta (adesivos transdérmicos) e liberação rápida (goma, pastilhas, spray nasal e inalador). Diferenças na biodisponibilidade dos diferentes produtos para TRN fornecem uma justificativa para sua combinação. E sua utilização conjunta aumenta a eficácia. O adesivo de nicotina tem início lento e ação prolongada. E seu objetivo primário é controlar os sintomas iniciais de retirada de nicotina. A TRN de liberação rápida e ação curta ajuda a controlar a fissura e sintomas de abstinência durante o dia. No Brasil, estão disponíveis somente as gomas e os adesivos transdérmicos.
Vareniclina
A Vareniclina tem sido considerada uma droga eficaz, segura e bem tolerada nas doses recomendadas para os pacientes em processo de cessação do tabagismo. Os fumantes são orientados a iniciar a medicação uma semana antes de parar com o cigarro. O objetivo é atingir o nível no sangue adequado da medicação.
As duas principais preocupações são os efeitos neuropsiquiátricos e cardiovasculares. É recomendável fazer uma história psiquiátrica cuidadosa antes de prescrever o medicamento. Deve-se evitar em fumantes com quadro psiquiátrico instável ou histórico recente de ideação suicida. Embora a vareniclina não esteja contraindicada aos fumantes com doença cardiovascular estável, os doentes devem ser aconselhados a auto-monitorizar os sinais e sintomas cardiovasculares novos ou agravados e obter cuidados médicos imediatos, se necessário. Outros eventos adversos relatados com freqüência incluíram náuseas, insônia, sonhos anormais, distúrbios visuais, síncope e reações cutâneas. Vareniclina é seguro para uso entre fumantes com doença pulmonar obstrutiva crônica.
Bupropiona
A Bupropiona atua através da redução do transporte neuronal dos neurotransmissoreu do antagonismo aos receptores nicotínicos. Isso leva à redução da fissura. Uma vez que o bupropiona leva de cinco a sete dias para atingir níveis séricos adequados, deve-se iniciar a medicação uma semana antes da data de cessação. É recomendável realizar o tratamento com bupropiona durante pelo menos 12 semanas. O tratamento com bupropiona após as 12 semanas tem que ser individualizado. Os efeitos colaterais mais comuns da bupropiona são boca seca, insônia, agitação e cefaléia.
Todas as informações acima não substituem a consulta médica com um especialista.
Cardiologia – Curitiba
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