Estudo confirma associação de proteína sinalizadora com esclerose sistêmica

L&A ATUALIZAÇÕES

Apesar de diversos estudos científicos para esclarecimento da etiopatogenia da esclerose sistêmica, um novo estudo confirma que os níveis séricos da citocina TGF- β1 (fator de transformação de crescimento) são significativamente mais altos em pacientes com esclerose sistêmica (ES).

O TGF- β é uma molécula de sinalização que uma vez liberada pelas células, pode ativar as células vizinhas ou distantes. Acredita-se que desempenha um papel pró-fibrótico na ES. Exitem três formas principais de TGF- β: TGF- β1, TGF- β2 e TGF- β3, cada uma com distintos padrões de expressão.

Apesar de cada uma das três isoformas terem sido associadas à ES, o TGF- β1 é o mais extensivamente estudado e foi foco do estudo intitulado “Reassessing the Role of the Active TGF?1 as a Biomarker in Systemic Sclerosis: Association of Serum Levels with Clinical Manifestations,” publicado na revista Disease Markers. Devido à literatura científica contraditória, os autores do estudo quiseram entender melhor o papel da TGF-β1 na ES.

Estudo Clínico

Eles recrutatam 56 pacientes com ES juntamente com 24 pacientes saudáveis  ou controles. A maioria dos pacientes no estudo eram mulheres (94,6%).

A ES pode ser dividida em dois subtipos principais: esclerose sistêmica cutânea difusa (ESd) e a esclerose sistêmica cutânea limitada (ESl). Pouco mais da metade dos pacientes do estudo (53,6%) tinham ESl.

Os pesquisadores analisaram diferentes fontes biológicas de TGF-β1, incluindo soro, pele dos pacientes com ESl e níveis secretados pelas células mononucleares do sangue periférico em culturas in vitro. Eles correlacionaram os níveis de citocina com os parâmetros clínicos.

Comparando com os controles saudáveis, pacientes com ES apresentaram níveis significativamente mais elevados de TGF-β1no soro. Nos pacientes com fibrose pulmonar, úlceras digitais ou que são positivos para o anticorpo antitopoisomerase I, níveis séricos de TGF-β1 foram significativamente  elevados comparados aos pacientes que não apresentavam essas manifestações clínicas.

Depois de corrigir pela idade, sexo, duração de doença e tratamento, os pesquisadores encontraram níveis séricos mais elevados de TGF-β1 ativo associado independentemente à fibrose pulmonar. Estudos anteriores também sugeriram que níveis TGF-β1 correlacionam com fibrose pulmonar idiopática e o presente estudo suporta esta afirmação.

Além disso, a presença de autoanticorpos como o anti-topoisomerase 1 também apresentou associação independentemente com os níveis séricos de TGF-β1 em pacientes com ES. Esses autoanticorpos atacam autoproteinas e contribuem para inflamação. Estão associados com fibrose pulmonar e envolvimento difuso da pele.

Níveis séricos elevados da citocina TGF-β1 também foram encontrados em pacientes com ESd comparado com pacientes com ESl, depois da correção dos fatores de confusão.

Os autores não identificaram diferenças significativas na avaliação dos níveis de TGF-β1 em biópsias cutâneas ou nos  níveis de TGF-β1 secretados pelas células mononucleares do sangue periférico em culturas  dos pacientes . Uma pequena amostra e limitação técnica podem explicar a falta de significância estatística usando essas fontes biológicas.

Independentemente disso, o aumento significativo dos níveis de TGF-β1 no soro de pacientes com ES confirma que esta citocina desempenha um papel importante na esclerose sistémica.

Texto publicado no Scleroderma News