A obesidade é uma doença metabólica crônica que está aumentando em prevalência em adultos, adolescentes e crianças, sendo considerada atualmente uma epidemia global. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a obesidade como o maior problema crônico de saúde em adultos no mundo.
O que é obesidade?
A obesidade é uma condição médica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Ela é geralmente definida por um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais. A obesidade é um fator de risco para diversas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, apneia do sono e certos tipos de câncer.
A condição resulta de um desequilíbrio energético, onde a ingestão calórica excede o gasto energético, mas também pode ser influenciada por fatores genéticos, metabólicos, comportamentais, psicológicos e ambientais
Qual a prevalência da obesidade?
Nos países desenvolvidos, as taxas de obesidade em 2013 eram de aproximadamente 18 e 20 por cento em homens e mulheres, respectivamente. No Brasil, a realidade não é diferente. Alguns levantamentos apontam que mais de 50% da população está acima do peso, ou seja, na faixa de sobrepeso e obesidade. Entre crianças, a obesidade infatil estaria em torno de 15%.
Prevê-se ainda que 60% da população mundial, ou seja, 3,3 bilhões de pessoas, possam estar no sobrepeso (2,2 bilhões) ou obesos (1,1 bilhão) até 2030, se as tendências recentes continuarem.
A obesidade tem consequências importantes para a morbidade, incapacidade e qualidade de vida. Além disso, acarreta um maior risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, osteoartrite e outros problemas de saúde. Por isso é importante a conscientização por parte da população sobre o panorama atual da obesidade e é fundamental a realização de políticas de sáude para prevenção e tratamento desde a infância.
Como deve ser feito o diagnóstico ou rastreamento da obesidade?
Na prática clínica, todos os pacientes adultos devem ser rastreados quanto ao sobrepeso e à obesidade. Logo, é importante realizar nas consultas a medida do peso e o cálculo do índice de massa corporal (IMC) como parte do exame físico de rotina. O IMC é calculado como o peso corporal medido (kg) dividido pela altura medida ao quadrado (m2). Em adultos , a obesidade é definida por um IMC de 30 kg / m2 e sobrepeso por um IMC entre 25 e 29,9 kg / m2. O IMC fornece uma melhor estimativa da gordura corporal total em comparação com o peso corporal sozinho.
Qual a classificação da obesidade?
As classificações recomendadas para o IMC adotadas pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) e Organização Mundial de Saúde (OMS) para caucasianos, hispânicos e indivíduos negros são:
- Peso abaixo do normal – <18,5 kg / m2
- Peso normal – ≥18,5 a 24,9 kg / m2
- Sobrepeso – ≥ 25,0 a 29,9 kg / m2
- Obesidade – ≥30 kg / m2
- Classe I – 30,0 a 34,9 kg / m2
- Classe II – 35,0 a 39,9 kg / m2
- Classe III – ≥40 kg / m2 (também referida como obesidade grave, extrema ou mórbida)
Os médicos devem estar cientes de que o IMC pode superestimar o grau de obesidade de indivíduos com aumento de massa magra (ex.: atletas profissionais ou fisiculturistas). Outro grupo que frequentemente apresenta problemas com a utilização do IMC na prática clínica é o de idosos. Estes podem pesar menos que os adultos mais jovens da mesma altura, pois, em geral, esta população apresenta menor densidade mineral óssea e sarcopenia.
Quando medir a circunferência abdominal?
É aconselhável medir a circunferência abdominal (CA) naqueles indivíduos com IMC entre 25 e 35 kg / m2 para identificar aqueles com maior risco de morbidade e mortalidade cardiovascular. Conforme observado, as medições da circunferência abdominal em pacientes com IMC ≥ 35 kg / m2 são desnecessárias, uma vez que não adicionam informações de risco adicionais. O consenso mais recente da Federação Internacional de Diabetes (IDF) definiu obesidade central (obesidade visceral), como CA≥ 94 cm em homens e ≥ 80 cm em mulheres não grávidas.
A obesidade abdominal (também denominada adiposidade central, visceral, andróide ou obesidade masculina) está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares e metabólicas, aumentando a incidência de diabetes, dislipidemia, hipertensão arterial e doença hepática gordurosa não-alcoólica.
Quais são as causas da obesidade e como deve ser feito sua investigação?
A causa da obesidade é complexa e multifatorial. Interações complexas entre fatores biológicos (genética e epigenética), comportamentais, sociais e ambientais (incluindo o estresse crônico) estão envolvidas na regulação do balanço energético e dos depósitos de gordura . O rápido aumento da prevalência da obesidade nos últimos 30 anos é principalmente resultado de influências culturais e ambientais. Dieta com alta quantidade calórica, aumento da ingesta alimentar, baixa atividade física e adoção de um estilo de vida sedentário, bem como distúrbios alimentares são considerados fatores de risco importantes para o desenvolvimento da obesidade
Causas secundárias
Existem causas secundárias que podem contribuir para o aumento do peso corporal que devem ser investigadas, incluindo os distúrbios endócrinos (ex: hipotireoidismo,Cushing, síndrome do ovário policístico) ; medicamentos que afetam o peso corporal como corticosteróides, antidepressivos, antipsicóticos e insulina; fatores psicológicos – como a falta de sono, ansiedade e depressão.
Por isso uma história abrangente ( história familiar, hábitos alimentares, frequência e natureza da atividade física, medicamentos, padrão alimentar e possível presença de um transtorno alimentar), juntamente com exame físico detalhado e avaliação laboratorial relevantes para a obesidade (glicose em jejum, hemoglobina glicada [A1C]), hormônio estimulante da tireóide (TSH), enzimas hepáticas e perfil lipídico) são fundamentais na avaliação inicial do paciente.
Como tratar a obesidade?
O tratamento da obesidade é multifacetado e envolve mudanças no estilo de vida, intervenções comportamentais, terapias farmacológicas e, em casos mais graves, intervenções cirúrgicas. O objetivo principal é reduzir o peso corporal, melhorar a saúde geral e prevenir complicações associadas à obesidade.
Mudanças no Estilo de Vida:
- Dieta: A adoção de uma dieta balanceada e hipocalórica é fundamental. Isso inclui reduzir a ingestão de calorias, especialmente de açúcares e gorduras saturadas, e aumentar o consumo de frutas, vegetais, fibras e proteínas magras.
- Atividade Física: O aumento da atividade física é essencial. Recomenda-se pelo menos 150 minutos de exercício moderado por semana. A atividade física não só ajuda na perda de peso, mas também melhora a saúde cardiovascular.
Intervenções Comportamentais:
- Terapia Comportamental: Inclui técnicas para modificar hábitos alimentares e de atividade física, como automonitoramento, controle de estímulos e técnicas de resolução de problemas. O apoio psicológico, como terapia cognitivo-comportamental (TCC), pode ser útil para lidar com questões emocionais relacionadas à alimentação e à imagem corporal.
Terapias Farmacológicas:
- Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes, medicamentos podem ser indicados. As opções incluem:
- Agonistas do receptor GLP-1: Como a liraglutida e a semaglutida, que promovem saciedade.
- Inibidores da lipase pancreática: Como o orlistate, que reduz a absorção de gordura no intestino.
- Inibidores de apetite: Como a bupropiona, que age no sistema nervoso central.
- Leia também: Remédios para emagrecer – quais as melhores opções.
Cirurgia Bariátrica:
Para pacientes com obesidade severa (IMC ≥ 40 ou ≥ 35 com comorbidades), a cirurgia bariátrica pode ser considerada. As técnicas incluem o bypass gástrico, a gastrectomia vertical e a banda gástrica ajustável. A cirurgia altera a anatomia do trato digestivo, promovendo perda de peso significativa e melhorias nas comorbidades.
Monitoramento e Acompanhamento Contínuo:
O tratamento da obesidade requer acompanhamento a longo prazo para manter a perda de peso e prevenir a recidiva. Isso inclui consultas regulares para monitorar o progresso, ajustar o tratamento conforme necessário e fornecer apoio contínuo.
A abordagem deve ser individualizada, levando em consideração as necessidades e condições específicas de cada paciente.
CARDIOLOGISTA – CURITIBA
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