Alguma vez você realizou uma radiografia de coluna lombar e encontrou escrito o termo megapófise transversa? Você está diante da Síndrome de Bertolotti.
O que é a Síndrome de Bertolotti?
A Síndrome de Bertolotti é uma desordem da coluna vertebral caracterizada pelo aumento anômalo dos processos transversos da vértebra lombar inferior ( geralmente L5 – 5ª vértebra lombar), conhecido como megapófise transversa. Esta vértebra geralmente tem um formato diferente ( vértebra de transição) e seu processo transverso, frequentemente se articula ou se funde com o sacro ou com o osso ilíaco. Chama-se de vértebra de transição, pois a vértebra pode ter características tanto lombares quanto sacrais.
Embora seja uma alteração congênita da coluna, muitas vezes a megapófise só é diagnosticada após a segunda década de vida. A maioria dos pacientes são assintomáticos. Mesmo assim pode ser uma importante causa de dor lombar em pacientes jovens. Afeta 4% a 8% da população.
Quais as causas da dor na Síndrome de Bertolotti?
As causas da dor lombar na Síndrome de Bertolotti são multifatoriais e elas incluem:
- Escoliose: uma grande porcentagem dos pacientes afetados tem escoliose que pode levar a dor devido desequilíbrios musculares.
- Sacroileíte: é uma causa importante de dor lombar em pacientes com megapófise. Ocorre provavelmente devido à inclinação pélvica anormal como resultado da escoliose.
- Neoarticulação: a nova articulação entre o processo transverso e o ílio é um local adicional gerador de dor em alguns pacientes, uma vez que é uma articulação sem lubrificação normal.
- Estresse mecânico anormal: a alteração anatômica local devido a megapófise pode levar também à artropatia da articulação facetária podendo ocasionar dor.
- Sacralização: a vertebra lombar com características sacrais pode diminuir a mobilidade da coluna, acelerando o desgaste das vértebras e dos discos intervertebrais na região.
- Compressão de uma raiz nervosa: a compressão nervosa pelos processos transversos aumentados devido ao estreitamento dos forames intervertebrais .
- Hérnia de disco: uma prevalência aumentada de protrusão ou extrusão de disco localizado acima da vértebra de transição L5 .
Quais os sintomas da megapófise transversa?
A maioria das pessoas nunca saberão que possuem uma megapófise transversa a não ser que encontre acidentalmente em um exame de radiografia. Isso porque a maioria dos casos são assintomáticos. Mas naqueles casos que causam sintomas, eles podem variar muito de pessoa para pessoa, aparecendo geralmente na idade adulta entre os 20 e 30 anos.
Os sintomas podem incluir:
- Dor lombar localizada com possível dor na perna que não segue o trajeto de um nervo (essa dor é referida em vez de radicular)
- Possível dor ou desconforto na área da articulação sacroilíaca
- Rigidez inexplicável ou dificuldade em se mover devido a dor
- Sintomas melhoram ao sentar e deitar
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é realizado a partir dos achados da radiografia e sua correlação com os sintomas apresentados. A realização de radiografias simples da coluna lombossacra na incidência anteroposterior geralmente são suficientes para chegar ao diagnóstico. Quando existem sintomas radiculares (de compressão de nervo) a ressonância magnética é uma opção para avaliar a presença de prolapso do disco intervertebral (hérnia de disco), que pode ocorrer concomitantemente.
Qual o tratamento da Síndrome de Bertolotti?
Ainda não há consenso sobre qual é o tratamento mais apropriado para a Síndrome de Bertolotti. Na maioria dos casos os tratamentos não invasivos ou minimamente invasivos são os mais indicados. Seguem abaixo os tratamentos indicados:
- Modificações no estilo de vida.
- Medicamentos para alívio das dores como anti-inflamatórios e analgésicos (dipirona e paracetamol).
- Fisioterapia para fortalecimento muscular e melhora da mobilidade.
- Anestésico local e ocasionalmente, aplicação de corticoide sob orientação fluoroscópica diretamente na pseudo-articulação para reduzir a inflamação ou no trajeto de nervos acometidos.
- Terapia com plasma rico em plaquetas (PRP) que utiliza as plaquetas do corpo para reduzir a dor e a inflamação e acelerar a cicatrização em articulações danificadas. É realizada por meio de uma aplicação injetável com orientação fluoroscópica.
- Ablação por radiofrequência, uma técnica que usa calor para “amortecer” os nervos comprometidos ao redor da neo-articulação. Ainda não validado no tratamento da síndrome de Bertolotti e exige que o paciente tenha um alívio significativo da dor após injeção anestésica, por um período longo de tempo.
- A cirurgia geralmente é o último recurso no tratamento da megapófise transversal. A cirurgia consiste na redução ou remoção do processo transverso alongado. Lembrando que não há muitas evidências de alta qualidade deste tratamento.
A Síndrome de Bertolotti leva à invalidez?
Caso seja constatada a incapacidade na perícia médica, o paciente com lombalgia refratária decorrente da megapófise transversa por receber auxílio-doença ou aposentadoria
Qual o CID da Síndrome de Bertolotti?
A Classificação Internacional de Doenças (CID) indicado para a Megapófise transversa é o CID Q76 que significa malformações congênitas da coluna vertebral
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