Novo tratamento possível para o Lúpus: Eculizumab

L&A ATUALIZAÇÕES

Um novo estudo relata que o eculizumab pode ser eficaz no tratamento de determinados pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) que apresentam comprometimento renal (rim), uma condição chamada nefrite lúpica.

No estudo, “Expanding the therapeutic options for renal involvement in lupus: eculizumab, available evidence“, publicado na revista Rheumatology International, os pesquisadores realizaram uma revisão da literatura, para identificar relatórios sobre experiência clínica usando eculizumab em pacientes com LES com envolvimento renal.

Os cientistas acreditam que o desenvolvimento do LES está enraizado na desregulação do sistema imunológico. Uma parte do sistema imunológico que aprimora a capacidade das células imunes para eliminar partículas estranhas do corpo é chamado de sistema complemento. Este sistema também pode promover a inflamação, e acredita-se que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento de nefrite lúpica.

Eculizumab inibe especificamente certos componentes ligados à ação do sistema complemento. Embora o fármaco não tenha sido aprovado para o tratamento do LES, foi aprovado pela FDA para tratar pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) e síndrome hemolítica urêmica atípica (SHUa). É vendido pela Alexion sob a marca de Soliris.

Devido ao seu papel na inibição da inflamação, o eculizumab também mostra ser promissor para o tratamento de outras doenças auto-imunes, como a doença renal primária.

Estudo

Depois da pesquisa em bancos de dados médicos e públicos disponíveis, seis estudos foram incluídos na análise. Cada estudo relatou um paciente com LES com comprometimento renal.

Cinco dos seis casos descreveram a ocorrência de microangiopatia trombótica em biópsias renais de pacientes. Esta é uma condição médica rara, porém,  grave que envolve os vasos sanguíneos menores (capilares) do rim e prejudica o fluxo de sangue através do órgão. Destes, três pacientes tinham características histológicas consistentes com nefrite lúpica.

Nos seis casos de LES com comprometimento renal, o tratamento com eculizumab foi introduzido porque os agentes imunossupressores atuais eram ineficazes ou muito tóxicos para os pacientes.

Os relatórios dos seis pacientes mostraram que o tratamento com eculizumab melhorou os resultados do paciente. Os pacientes mostraram uma melhora sustentada na função renal e uma normalização da função do sistema imunológico.

Em três casos em que o tratamento com eculizumab foi descontinuado, foram observadas reativações renais. Depois que os pacientes foram novamente tratados com eculizumab, a sua função renal melhorou.

A equipe observou que a resposta ao eculizumab foi mantida no período de seguimento (uma média de nove meses).

Conclusão

Devido ao baixo número de pacientes, conclusões limitadas podem ser extraídas deste estudo. A eficácia e toxicidade do eculizumab para o tratamento do LES ainda não foi determinada. Apesar disso, os dados disponíveis são promissores e fornecem apoio preliminar para direcionar as vias complementares no LES.

Os tratamentos convencionais para o LES são geralmente dirigidos contra a resposta imune adaptativa. Ao atuar na via do complemento e, conseqüentemente, limitar a resposta inflamatória, o eculizumab pode representar uma estratégia de tratamento alternativa para pacientes com LES.

Futuros estudos devem avaliar se o eculizumab representa uma opção terapêutica adicional no tratamento de casos selecionados de LES com envolvimento renal, especialmente na presença de TMA, ou em pacientes com nefrite lúpica refratária.

Texto publicado no Lupus News Today