A maconha é a substância ilícita mais consumida no Brasil e no mundo. Os dados apontam que 7,7% dos brasileiros de 12 a 65 anos já fizeram uso ao menos uma vez na vida.
Relatório da agência da ONU mostra que a maconha é consumida por volta de 130 e 190 milhões de pessoas pelo menos uma vez por ano.
Cannabis Sativa
Cannabis sativa é uma planta herbácea da família das Canabiáceas, amplamente cultivada em muitas partes do mundo. Os primeiros registros históricos do uso da Cannabis sativa datam de 8000 anos a.C, na China, para fabricação de papel.
A maconha é derivada dessa planta, e a sua principal substância psicoativa é o tetrahidrocanabinol (THC) . O THC se liga a vários receptores encontrados no cérebro e tecidos periféricos, incluindo músculo cardíaco, tecido hepático, trato gastrointestinal e endotélio vascular.
A pesquisa sobre os efeitos psicoativos da ativação induzida pelo THC nos receptores tem sido estudada há décadas, mas os efeitos fisiológicos adversos não foram avaliados em detalhes.
Maconha e dor
Algumas das evidências mais fortes que apóiam o uso medicinal da maconha são os benefícios da maconha no controle da dor crônica. Os compostos canabinóides interagem com os receptores nas células nervosas para desacelerar os impulsos de dor e aliviar o desconforto. Os canabinóides também demonstraram ser eficazes para conter as náuseas e os vômitos. Além disso, é um poderoso indutor de apetite. A combinação desses atributos torna a maconha uma opção terapêutica para pessoas que enfrentam os efeitos colaterais da quimioterapia e outras que correm o risco de perder peso não intencionalmente.
Maconha e o sistema cardiovascular
Há um crescente corpo de evidências que demonstra uma associação entre o uso de maconha e eventos adversos cardiovasculares.
As pesquisas sugerem que o risco de ataque cardíaco é várias vezes maior na primeira hora após fumar maconha do que seria normalmente. Principalmente para pessoas com histórico de doença cardíaca. Embora a evidência seja mais fraca, também há relação entre o seu uso e um maior risco de fibrilação atrial ou AVC isquêmico. A literatura atual propõe que a maconha afeta negativamente por meio de três diferentes mecanismos possíveis – arterite induzida por cannabis, vasoespasmo e agregação plaquetária.
Arterite por Cannabis
A arterite por cannabis foi descrita pela primeira vez na década de 1960, com mais de 50 casos documentados na literatura desde então. Vários estudos e relatos de caso descrevem uma doença semelhante à tromboangeíte obliterante que afeta adultos jovens que fumam maconha. Além disso, existem estudos descrevendo aumento de eventos arteriais incluindo AVC (acidente vascular cerebral), IM (infarto do miocárdio) e arterite de membros inferiores. O mecanismo da vasculite não é totalmente compreendido atualmente, mas muitos relatos sugerem vasculopatia secundária a um subproduto contendo arsênico, que tem sido associado à inflamação endotelial.
Vasoespasmo Induzidos por Cannabis
O vasoespasmo arterial reversível é considerado a causa mais comum de eventos vasculares induzidos pela maconha. Embora os mecanismos subjacentes para isso não sejam claros, vários relatos de casos associaram o THC à cardiomiopatia induzida por vasoespasmo coronário
Estudos prévios relataram que o uso crônico de maconha pode resultar em disfunção do sistema nervoso autônomo (SNA), levando a ciclos de vasoconstrição e vasodilatação independente da atividade do músculo esquelético. Foi sugerido que a disfunção SNA associada à irritação do endotélio vascular induzida por THC poderia explicar o aumento do risco de vasoespasmo em usuários crônicos de maconha.
Agregação plaquetária induzida por cannabis
Embora a cannabis tenha se mostrado pró-trombótica, pouco se sabe sobre o mecanismo de agregação plaquetária induzida pelo THC. Estudos sugerem que o THC pode atuar diretamente nas plaquetas e pode ativar a cascata de coagulação iniciando a formação de um trombo.
Maconha não é apenas THC
A maconha contém quase 500 compostos, incluindo 70 canabinóides que fornecem o efeito psicoativo. Mas quando um usuário fuma maconha, não ingere apenas THC, mas uma série de outros produtos químicos. Para se ter uma ideia, da combustão da maconha, produtos químicos, como o acetaldeído, amônia, benzeno, monóxido de carbono, cianeto de hidrogênio e hidrocarbonetos policíclicos, são inalados. Todos esses componentes podem contribuir para complicações cardiovasculares futuras. Além disso, foi demonstrado que a maconha vendida no mercado negro contém uma grande variedade de inseticidas e fungicidas contendo toxinas, como aldicarbe, carbaril, diazinon, manebe e zinebe.
Conclusão
A maior parte dos estudos sobre maconha e THC se concentra principalmente no combate aos efeitos colaterais dos quimioterápicos no tratamento do câncer. No entanto, pesquisas estão começando a se concentrar nos efeitos adversos sistêmicos e cardiovasculares induzidos pelo THC. E o que tem sido demonstrado é uma associação entre o uso de maconha e eventos adversos cardíacos.
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