Disjunção do anel mitral

Disjunção do Anel Mitral: o que é, diagnóstico e tratamento

A disjunção do anel mitral é uma condição cardiovascular que pode estar associada a diversas doenças valvares, incluindo a insuficiência mitral. Apesar de nem sempre apresentar sintomas evidentes, essa anormalidade pode levar a complicações graves se não for devidamente diagnosticada e tratada. Neste artigo, abordaremos o que é a disjunção do anel mitral, os riscos associados, formas de diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis.

O que é o Anel Mitral?

O anel mitral é uma estrutura em forma de anel que sustenta a válvula mitral do coração. Ele funciona como uma base para os folhetos da válvula mitral, ajudando a manter seu formato e garantindo que ela se feche corretamente durante o batimento cardíaco.

Ele é composto por tecido fibroso e muscular e se contrai e relaxa junto com o coração, auxiliando no fluxo de sangue do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo. Alterações no anel mitral, como sua dilatação ou disjunção, podem afetar o funcionamento da válvula e levar a problemas cardíacos, como o prolapso da válvula mitral ou insuficiência mitral.

E o que é a Disjunção do Anel Mitral?

A disjunção do anel mitral (DAM) é uma condição cardíaca caracterizada pelo deslocamento anormal da inserção do anel mitral em relação ao miocárdio ventricular esquerdo. Isso resulta em uma separação entre a junção do folheto posterior da válvula mitral e a parede ventricular esquerda, criando um espaço anômalo que pode afetar a função valvar. Essa condição está frequentemente associada ao prolapso da válvula mitral e pode contribuir para a insuficiência mitral e arritmias ventriculares. 

Para ilustrar, a imagem abaixo mostra uma ecocardiografia evidenciando a disjunção do anel mitral.

Qual a prevalência da disjunção do anel mitral?

A prevalência dessa condição varia dependendo da população estudada e dos métodos de diagnóstico utilizados.

  1. Em estudos ecocardiográficos:
    • Encontra-se em 12% a 40% dos indivíduos em populações gerais e em pacientes com prolapso da válvula mitral.
  2. Em ressonância magnética cardíaca (RMC):
    • Estudos indicam que a prevalência pode chegar a 40% a 50% em pacientes com prolapso da válvula mitral e ainda maior em indivíduos com arritmias ventriculares associadas.
  3. Em autópsias e estudos anatômicos:
    • A disjunção do anel mitral tem sido identificada em até 30% dos casos.

Quais os riscos da disjunção do anel mitral?

Alguns dos principais riscos associados à DAM incluem:

1. Prolapso Mitral e Insuficiência Mitral

A DAM pode predispor ao desenvolvimento do prolapso mitral, uma condição na qual as cúspides da válvula mitral se projetam excessivamente para a câmara esquerda durante a sístole. Isso pode levar a insuficiência mitral, ou seja, ao refluxo de sangue para o átrio esquerdo, prejudicando a eficiência do coração e, em casos graves, causando sintomas como falta de ar, fadiga e palpitações.

2. Arritmias Cardíacas

A DAM pode gerar maior instabilidade nas estruturas do coração, favorecendo a formação de circuitos anormais de condução elétrica. Como resultado, pacientes com DAM têm maior risco de arritmias, incluindo:

  • Extra-sístoles ventriculares.
  • Fibrilação atrial, que pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral (AVC) devido à formação de trombos no átrio esquerdo.
  • Taquicardia ventricular e, em casos raros, arritmias malignas, que podem levar a morte súbita.

3. Risco de Morte Súbita

Embora menos comum, pacientes com DAM e prolapso mitral grave, especialmente aqueles com insuficiência mitral significativa e arritmias ventriculares, podem ter um risco elevado de morte súbita. A presença de disjunção do anel mitral está associada a um maior risco de complicações fatais devido à instabilidade elétrica do coração.

4. Dilatação do Átrio Esquerdo

A insuficiência mitral associada à DAM pode levar à dilatação do átrio esquerdo, o que, por sua vez, pode predispor a um maior risco de formação de trombos e embolia sistêmica, especialmente se houver fibrilação atrial associada.

5. Degeneração do Anel Mitral

A DAM pode também estar associada a alterações degenerativas do anel mitral, incluindo fibrilose e calcificação. Essas alterações podem contribuir para a progressão de doenças valvulares e complicações como insuficiência mitral crônica e dificuldade no fechamento completo da válvula.

6. Comprometimento da Função Ventricular

Em casos mais graves, a insuficiência mitral crônica causada pela DAM pode levar a disfunção ventricular esquerda, que pode resultar em insuficiência cardíaca congestiva, especialmente se não tratada adequadamente.

Como é feito o diagnóstico da disjunção do anel mitral?

O diagnóstico da Disjunção do Anel Mitral (DAM) é feito por meio de exames de imagem, sendo os principais:

  1. Ecocardiograma Transtorácico (ETT)
    • Pode identificar a separação entre o anel mitral e a parede ventricular esquerda.
    • Pode mostrar prolapso da válvula mitral e insuficiência mitral associada.
  2. Ecocardiograma Transesofágico (ETE)
    • Oferece melhor visualização do anel mitral e das estruturas adjacentes.
    • Essencial em casos duvidosos ou quando há necessidade de avaliação mais detalhada.
  3. Ressonância Magnética Cardíaca (RM Cardíaca)
    • O método mais sensível e específico para o diagnóstico.
    • Mede a distância entre o anel mitral e o músculo ventricular esquerdo.
    • Identifica fibrose miocárdica, que pode estar associada a arritmias ventriculares.
  4. Tomografia Computadorizada Cardíaca
    • Menos utilizada, mas pode ser útil para avaliar a anatomia mitral e ventricular em detalhes.

Qual o tratamento para a disjunção do anel mitral?

O tratamento depende da gravidade dos sintomas, do grau de regurgitação mitral associada e da presença de arritmias ventriculares. As opções incluem:

1. Acompanhamento clínico

Para pacientes assintomáticos ou com sintomas leves e sem regurgitação mitral significativa:

  • Monitoramento com ecocardiograma periódico.
  • Controle de fatores de risco (hipertensão, dislipidemia, etc.).
  • Betabloqueadores podem ser indicados para reduzir sintomas de palpitação e diminuir o risco de arritmias.

2. Tratamento medicamentoso

  • Betabloqueadores ou bloqueadores dos canais de cálcio para controle de arritmias e palpitações.
  • Antiarrítmicos, caso haja arritmias ventriculares significativas.
  • Diuréticos podem ser usados para controle de sintomas em casos com insuficiência cardíaca leve.

3. Ablação por cateter

Indicada para pacientes com arritmias ventriculares sintomáticas que não respondem ao tratamento medicamentoso.

4. Cardiodesfibrilador Implantável

Consideramos o implante do CDI nos seguintes casos:

Parada Cardíaca – Pacientes com DAM que já tiveram parada cardíaca abortada candidatos ao CDI para prevenção secundária.

Arritmias ventriculares complexas – quando há presença de taquicardia ventricular sustentada, especialmente se forem polimórficas ou associadas a sintomas como síncope.  

Síncope de origem arrítmica – Se um paciente com DAM apresenta síncope inexplicada e a investigação sugere arritmia ventricular como causa, o CDI pode ser indicado.

5. Cirurgia valvar mitral

Indicada em casos de regurgitação mitral grave sintomática ou com disfunção ventricular:

  • Plastia valvar mitral: preferida sempre que possível, preservando a válvula nativa.
  • Substituição valvar mitral: indicada quando a reparação não é viável.

5. Dispositivos percutâneos

Para pacientes de alto risco cirúrgico, pode-se considerar técnicas como o MitraClip, que reduz a regurgitação mitral sem cirurgia aberta.

A escolha do tratamento depende do quadro clínico e deve ser individualizada com base em exames de imagem como ecocardiograma transtorácico e transesofágico.

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Dr. Alexandre L. S . Avellar Fonseca – Cardiologista